EDITORIAL
Os danos causados pelo uso irresponsável de fogos de artifício não podem ser considerados fatalidade, mas sim a consequência de uma estupidez. Da mesma forma, não é inteligente nem aceitável a omissão das autoridades na vigilância e no controle de instrumentos que podem provocar mortes e tragédias, como ocorreu na última quarta-feira no episódio que vitimou um torcedor boliviano e como já havia ocorrido no terrível incêndio da boate de Santa Maria.
Os danos causados pelo uso irresponsável de fogos de artifício não podem ser considerados fatalidade, mas sim a consequência de uma estupidez. Da mesma forma, não é inteligente nem aceitável a omissão das autoridades na vigilância e no controle de instrumentos que podem provocar mortes e tragédias, como ocorreu na última quarta-feira no episódio que vitimou um torcedor boliviano e como já havia ocorrido no terrível incêndio da boate de Santa Maria.
Quando alguém aciona um sinalizador pirotécnico num ambiente fechado ou em meio a uma multidão, está assumindo o óbvio risco de causar danos. Não existe outra possibilidade, pois esses artefatos têm potencial para queimar, ferir e até mesmo para matar, como se constatou tristemente na cidade de Oruro, onde torcedores brasileiros provocaram a morte de um jovem boliviano de 14 anos. No Brasil, o uso de fogos de artifício é proibido em estádios de futebol, mas todas as torcidas levam para as arquibancadas os chamados sinalizadores pirotécnicos, criados para emitir luz ou fumaça colorida com o propósito original de facilitar a localização de pessoas em situação de isolamento.
São igualmente perigosos, pois na maioria das vezes possuem material inflamável e explosivo. Portá-los ou acioná-los no meio de uma multidão são atos absolutamente irresponsáveis, que merecem repreensão e punição.
Mesmo em celebrações tradicionais, como as festas de fim de ano, o uso de fogos de artifício tem que ser rigorosamente controlado. Existe legislação específica para isso _ o que não existe é fiscalização suficiente nem uma cultura de segurança por parte da população, que deveria denunciar abusos e riscos, até mesmo para sua própria proteção. Na realidade, porém, há pessoas que usam até mesmo armas de fogo para fazer barulho e chamar a atenção em momentos de celebração coletiva.
A única explicação para este comportamento deletério está na frase célebre do cientista Albert Einstein: "Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta". Somos falíveis, cometemos erros, muitas vezes calculamos mal os movimentos de nossas vidas. Mas nada justifica a exposição gratuita e irracional a situações capazes de provocar tragédias e causar danos irreparáveis a terceiros.
Para isso, para prevenir que indivíduos com comportamentos desviantes causem prejuízos à sociedade, existem as leis e as autoridades. A responsabilização posterior se impõe, até como forma de atenuar o sofrimento dos familiares e amigos das vítimas da insensatez. Mas o importante é prevenir, é evitar que fatos deploráveis se repitam _ e não há outro caminho senão o da fiscalização implacável e proibição de uso de equipamentos potencialmente causadores de danos.
Fogos de artifício, bombas, foguetes, sinalizadores explosivos não combinam com o futebol, nem com qualquer espetáculo que reúna grande público. Se a estupidez humana é infinita, como alertou o cientista, que pelo menos se tente torná-la menos letal.
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