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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ESPUMA FOI COMPRADA EM LOJA DE COLCHÕES

G1 RS - 04/02/2013 13h52

Espuma usada na boate Kiss foi comprada em loja de colchões. Tragédia na casa noturna de Santa Maria deixou 237 mortos. Lâminas de espuma são vendidas para boates, igrejas e até consultórios.

Giovani Grizotti Do G1 RS, com informações do Jornal Hoje



Espuma de isolamento acústico da Kiss foi comprada em loja de colchões (Foto: Giovani Grizotti/RBS TV)

A espuma usada para reduzir o ruído na boate Kiss foi comprada em uma loja de colchões de Santa Maria. A queima do material produziu a fumaça tóxica que, segundo a polícia, causou a morte da maioria das vítimas. O comerciante que vendeu o revestimento prestou depoimento à polícia, como mostra a reportagem do Jornal Hoje. No último domingo (27), um incêndio na casa noturna deixou 237 mortos.

Funcionários da Kiss encomendaram a espuma para usar no isolamento acústico da boate. O produto é vendido por R$ 30 o metro quadrado. As notas fiscais fornecidas pelo fabricante serão encaminhadas à polícia. "O rapaz que fez a reforma encomendou. Foram três lâminas", afirmou Flávio Boeira, proprietário da loja.

O comerciante diz que o uso deste tipo de espuma é comum e que já vendeu para igrejas e até consultórios dentários. Segundo Boeira, o material é conhecido como colchonete piramidal e também é usado em hospitais, principalmente para pacientes que ficam muito tempo internados.

"Como a gente pode se sentir? Completamente arrasado. Nunca soube que era proibido. Meu filho poderia estar lá, ele era frequentador assíduo. Minha mãe tem 86 anos e dorme em cima de um desses", disse. "Acredito que ninguém em sã consciência vai usar essa espuma como isolamento acústico", completou.



O material instalado, segundo o dono da boate, Elissandro Callegaro Spohr, foi sugerido por um engenheiro. Kiko, como também é conhecido respondeu a perguntas enviadas pela RBS TV dentro do hospital em que está internado em Cruz Alta, a 130 quilômetros de Santa Maria. Ele está sob custódia da polícia.

“Um engenheiro chamado Pedroso. Foi feito tudo. As opções eram: gesso, tá? Ou espuma. A espuma, eu achava horrível, muito feio. Eu optei pelo gesso. Porém continuou o barulho. Eu voltei a chamar o Pedroso, praa a gente trocar uma ideia, ver o que fazer. A gente botou espuma e madeira por cima. Concreto. E aí, por fim, espuma. Eles queriam que eu botasse espuma em toda a boate. Mas até que não precisou botar em toda a boate. Eu botei só no palco”, disse, em depoimento exclusivo ao Fantástico.

O engenheiro Miguel Pedroso negou ter aconselhado a colocação da espuma, que é altamente inflamável. “Eu tenho uma quantidade grande de projetos acústico. E jamais, em nenhum projeto, nenhum laudo acústico, eu aconselhei a utilizar espuma de borracha”. O engenheiro e o sócio da boate vão prestar novos depoimentos.

Entenda


O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 237 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores:

- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conserto.

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