Este Blog retratará o descaso com a Defesa Civil no Brasil; a falta de políticas específicas; o sucateamento dos Corpos de Bombeiros; os salários baixos; a legislação ambiental benevolente; a negligência na fiscalização; os desvios de donativos e recursos; os saques; a corrupção; a improbidade; o crime organizado e a inoperância dos instrumentos de prevenção, controle e contenção. Resta o sofrimento das comunidades atingidas, a solidariedade consciente e o heroísmo daqueles que arriscam a vida e suportam salários miseráveis e péssimas condições de trabalho no enfrentamento das calamidades e sinistros que assolam o povo brasileiro.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A RESPONSABILIDADE DA TRAGÉDIA

JORNAL DO COMÉRCIO 31/01/2013


Lino Tavares


Somos um país “mutante” pela própria natureza e isso vem dos primórdios do descobrimento, quando este enorme torrão, hoje chamado Brasil, recebeu nomes de batismo provisórios como Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz. Mudar é bom. Faz parte da evolução humana. Mas é preciso que se mude, sempre ou quase sempre, para melhor, o que não é o caso deste País, onde as mudanças acontecem, via de regra, em relação a coisas menos importantes, conservando-se, quase como uma instituição nacional, aquilo que de pior existe. O setor mais atingido por esse “imobilismo tupiniquim” é o que diz respeito à segurança pública, cujos órgãos de governo incumbidos de garanti-la à população só têm mudado no seu arcabouço burocrático funcional, deixado a desejar - e muito - no aspecto operacional.

Prenda-se quem prender - dono da boate, integrantes da banda que teria provocado o incêndio e até seguranças omissos da casa de espetáculos - nada isentará o Poder Público da irresponsabilidade sobre o funcionamento inadequado daquele “alçapão de portinhola única”, conhecido como boate Kiss, no Centro de Santa Maria. Não vem ao caso discutir se estava ou não com o alvará vencido, pois esse é um dado irrelevante, já que a tragédia se consumou pelo ambiente propício e não pela falta de pagamento de um tributo.

A grande responsável pelo lamentável sinistro (perdão pela redundância, já que todo sinistro é lamentável) é, sem dúvida, a secretaria do governo municipal que concedeu a licença para que um ambiente destinado a abrigar mais de mil pessoas entrasse em funcionamento, desprovido dos requisitos mínimos para utilização desse nível. O resto é consequência. Evidentemente que isso não isenta os que, de forma temerária, usaram essa falha gritante do Poder Público para “acender a ponta do estopim” que detonou essa “bomba de alto poder de destruição” impropriamente chamada de boate.

Jornalista

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