Tulio Milman
Foto: Jean Schwarz / Agencia RBS
Foto: Jean Schwarz / Agencia RBS
Talvez seja uma antinotícia. Talvez alguns leitores desanimem na segunda linha e nem cheguem ao fim do texto. Paciência. O fato é que, na tragédia de Santa Maria, o Estado foi Estado. Os atores principais: governo federal, estadual e prefeitura. Me defendo de antemão. O elogio é baseado em fatos reais. Minutos depois do incêndio, a coordenação de crise definiu suas três linhas de ação.
1) Assistência aos feridos.
2) Assistência aos familiares e amigos.
3) Reconhecimento dos mortos.
A partir daí, a máquina andou. Em poucas horas, a estrutura estava montada. Na mesma área, um ginásio recebia os corpos. Ao lado, a transição para as funerárias. No espaço mais amplo, a central de informações e o velório coletivo.
A atenção e a presença da presidente Dilma Rousseff foram fundamentais. Quando saiu do Chile para Santa Maria, Dilma mandou um recado a sua equipe. "Façam funcionar". O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assumiu pessoalmente a coordenação da sua área. Some-se a isso as presenças do governador Tarso Genro e do prefeito Cezar Schirmer. Pouco mais de 24 horas depois do incêndio, a Defesa Civil Nacional avisava: "Não está faltando nada, não precisamos de doações". Remédios, leitos, luvas, médicos, enfermeiras, assistentes sociais, policiais, psicólogos. Em quantidade suficiente e nos lugares certos.
As entrevistas iniciais foram cautelosas, sem omitir a verdade. Quem estuda gestão de crise sabe que é fundamental manter a opinião pública informada. Investir na frequência e intensidade da comunicação. Porque se as autoridades não falarem, alguém vai falar. Prefeito, governador, ministro, comandantes da Polícia e da Brigada estavam disponíveis para responder às questões da imprensa, muitas delas ainda sem resposta.
Na tarde posterior à tragédia, não houve registro de tumultos no ginásio municipal. Um por um, os parentes iam sendo chamados. Acompanhados por um psicólogo e por um policial, entravam no ginásio. Olhavam para o chão. E no chão estavam os corpos. Na saída, atrás de um tapume grafitado, amigos e familiares entendiam logo a reposta. E quase sempre a reposta certa era a pior.
O calor de mais de 30ºC dentro do ginásio exigiu uma logística especial. Dezenas de voluntários carregando caixas de papelão circulavam entre a multidão oferecendo copos de água. Havia biscoitos e sanduíches. Alguém pode, legitimamente, rebater: não fizeram mais que a obrigação. Fizeram sim. Mas é certo que, quando as tragédias já aconteceram, deveria ser sempre assim.
Esse texto, que começou com um elogio, termina com um desejo possível: que o poder público copie a si mesmo e tenha, no antes, a mesma eficiência que teve no depois. Leis claras e fiscalização que não poupe nem os amigos seria um bom começo.
Então, finalmente, não haveria mais o depois.
1) Assistência aos feridos.
2) Assistência aos familiares e amigos.
3) Reconhecimento dos mortos.
A partir daí, a máquina andou. Em poucas horas, a estrutura estava montada. Na mesma área, um ginásio recebia os corpos. Ao lado, a transição para as funerárias. No espaço mais amplo, a central de informações e o velório coletivo.
A atenção e a presença da presidente Dilma Rousseff foram fundamentais. Quando saiu do Chile para Santa Maria, Dilma mandou um recado a sua equipe. "Façam funcionar". O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assumiu pessoalmente a coordenação da sua área. Some-se a isso as presenças do governador Tarso Genro e do prefeito Cezar Schirmer. Pouco mais de 24 horas depois do incêndio, a Defesa Civil Nacional avisava: "Não está faltando nada, não precisamos de doações". Remédios, leitos, luvas, médicos, enfermeiras, assistentes sociais, policiais, psicólogos. Em quantidade suficiente e nos lugares certos.
As entrevistas iniciais foram cautelosas, sem omitir a verdade. Quem estuda gestão de crise sabe que é fundamental manter a opinião pública informada. Investir na frequência e intensidade da comunicação. Porque se as autoridades não falarem, alguém vai falar. Prefeito, governador, ministro, comandantes da Polícia e da Brigada estavam disponíveis para responder às questões da imprensa, muitas delas ainda sem resposta.
Na tarde posterior à tragédia, não houve registro de tumultos no ginásio municipal. Um por um, os parentes iam sendo chamados. Acompanhados por um psicólogo e por um policial, entravam no ginásio. Olhavam para o chão. E no chão estavam os corpos. Na saída, atrás de um tapume grafitado, amigos e familiares entendiam logo a reposta. E quase sempre a reposta certa era a pior.
O calor de mais de 30ºC dentro do ginásio exigiu uma logística especial. Dezenas de voluntários carregando caixas de papelão circulavam entre a multidão oferecendo copos de água. Havia biscoitos e sanduíches. Alguém pode, legitimamente, rebater: não fizeram mais que a obrigação. Fizeram sim. Mas é certo que, quando as tragédias já aconteceram, deveria ser sempre assim.
Esse texto, que começou com um elogio, termina com um desejo possível: que o poder público copie a si mesmo e tenha, no antes, a mesma eficiência que teve no depois. Leis claras e fiscalização que não poupe nem os amigos seria um bom começo.
Então, finalmente, não haveria mais o depois.
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