Percival Puggina*
Do alto de seus 20 anos, os jovens contemplam a vida como quem, do alto de uma montanha, observa, extasiado, o mundo ao seu redor. Horizontes amplos, infinitas trilhas e 360 graus de possibilidades. Nessa idade, eu me lembro muito bem, a vida é eterna e a esperança infinita. Só os avós morrem quando se tem 20 anos. O velório de um jovem é inconcebível ruptura com a ordem natural. Contudo, a morte espreita a juventude com olhos cobiçosos. Enquanto os idosos morrem porque chegou a hora, porque dar adeus à vida terrena é próprio da velhice, os jovens morrem de infinitas maneiras, revelando inesperada vulnerabilidade.
Idosos morrem porque não podem alterar o curso da vitalidade que se extingue. Jovens, porém, morrem desnecessária e superfluamente, por motivos que poderiam ser evitados. Essa é a tragédia das tragédias cotidianas. Ir-se assim, sem que nem por quê? Jovens morrem nas ruas, nas estradas, nas brigas entre gangues, na lenta e dolorosa morte das drogas, nas madrugadas em que a violência espreita, nas infames brigas por motivos fúteis. Morrem nas aventuras e travessuras, na terra, na água e no ar. Por isso, pais e mães carregam no peito uma incompreendida e permanente aflição. A respiração para quando o telefone toca e para quando o telefone não toca. Paranoicos, nós? Não, não. Simplesmente pais cuidadosos de filhos incautos, que creem haver bebido a imortalidade no cálice da juventude.
As grandes catástrofes carregam em seu script uma pedagogia brutal. Há nelas uma lição sobre o que não fazer. Sua dissonante partitura se faz com notas que pedem atenção e reflexão. Desafortunadamente, numa espécie de autodefesa, cerramos os olhos e os ouvidos. E pouco aprendemos com as lições que nos vêm dos sinistros e dos escombros.
Por isso escrevo com a esperança de que a crudelíssima pedagogia dos fatos do dia 27 mostrem aos nossos jovens que nós, os pais, não somos coroas paranoicos a vislumbrar perigo ali onde tudo indica morar a felicidade e a alegria. Por isso, escrevo confiando em que os jovens não pressuponham que as autoridades fazem sempre, em toda a parte, tudo o que lhes compete para garantir a sua segurança. Não! Muitas vezes, é o contrário. Por isso escrevo desejando que os jovens, diante de tão sofrida experiência, valorizem o dom maravilhoso da vida como uma dádiva frágil a exigir prudência e atenção. As alegrias dos filhos serão maiores e as aflições dos pais serão menores se, doravante, filhos e pais forem severos fiscais da própria segurança onde quer que estejam.
Do alto de seus 20 anos, os jovens contemplam a vida como quem, do alto de uma montanha, observa, extasiado, o mundo ao seu redor. Horizontes amplos, infinitas trilhas e 360 graus de possibilidades. Nessa idade, eu me lembro muito bem, a vida é eterna e a esperança infinita. Só os avós morrem quando se tem 20 anos. O velório de um jovem é inconcebível ruptura com a ordem natural. Contudo, a morte espreita a juventude com olhos cobiçosos. Enquanto os idosos morrem porque chegou a hora, porque dar adeus à vida terrena é próprio da velhice, os jovens morrem de infinitas maneiras, revelando inesperada vulnerabilidade.
Idosos morrem porque não podem alterar o curso da vitalidade que se extingue. Jovens, porém, morrem desnecessária e superfluamente, por motivos que poderiam ser evitados. Essa é a tragédia das tragédias cotidianas. Ir-se assim, sem que nem por quê? Jovens morrem nas ruas, nas estradas, nas brigas entre gangues, na lenta e dolorosa morte das drogas, nas madrugadas em que a violência espreita, nas infames brigas por motivos fúteis. Morrem nas aventuras e travessuras, na terra, na água e no ar. Por isso, pais e mães carregam no peito uma incompreendida e permanente aflição. A respiração para quando o telefone toca e para quando o telefone não toca. Paranoicos, nós? Não, não. Simplesmente pais cuidadosos de filhos incautos, que creem haver bebido a imortalidade no cálice da juventude.
As grandes catástrofes carregam em seu script uma pedagogia brutal. Há nelas uma lição sobre o que não fazer. Sua dissonante partitura se faz com notas que pedem atenção e reflexão. Desafortunadamente, numa espécie de autodefesa, cerramos os olhos e os ouvidos. E pouco aprendemos com as lições que nos vêm dos sinistros e dos escombros.
Por isso escrevo com a esperança de que a crudelíssima pedagogia dos fatos do dia 27 mostrem aos nossos jovens que nós, os pais, não somos coroas paranoicos a vislumbrar perigo ali onde tudo indica morar a felicidade e a alegria. Por isso, escrevo confiando em que os jovens não pressuponham que as autoridades fazem sempre, em toda a parte, tudo o que lhes compete para garantir a sua segurança. Não! Muitas vezes, é o contrário. Por isso escrevo desejando que os jovens, diante de tão sofrida experiência, valorizem o dom maravilhoso da vida como uma dádiva frágil a exigir prudência e atenção. As alegrias dos filhos serão maiores e as aflições dos pais serão menores se, doravante, filhos e pais forem severos fiscais da própria segurança onde quer que estejam.
*ESCRITOR
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