SANTA MARIA, 27/01/2013
As consequências da inalação da fumaça tóxica na madrugada de domingo ainda estão no corpo de muitos que ajudaram nos resgates e sobreviveram à tragédia na boate Kiss. Tosse, falta de ar e garganta seca são sintomas que devem ser acompanhados com cuidado até 72 horas após o incêndio. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alertou ontem para que, na presença de qualquer desses sintomas, que se procure uma unidade de saúde. Mais de 120 pessoas estão internadas em função de queimaduras ou inalação de fumaça.
É o caso do jovem William Silveira, 21 anos, que estava em frente à boate quando os bombeiros chegaram ao local. Naquele momento, ele voltou ao interior da danceteria e inalou a fumaça. Os efeitos começaram a ser sentidos na manhã do dia seguinte.
– Tenho bastante falta de ar e dor no peito – afirma o trabalhador do ramo logístico.
Ele procurou atendimento médico e recebeu a recomendação: ser internado por 72 horas. Até o início da noite, Silveira ainda relutava. Segundo o ministro, cerca de 30 pessoas procuraram atendimento em Santa Maria por causa desse mal-estar.
Pneumologista do Hospital Moinhos de Vento, Enio do Valle explica as consequências diretas da fumaça. Uma é a asfixia, decorrente da inalação de gás com baixa quantidade de oxigênio. O efeito do calor sobre as vias aéreas também pode causar queima da laringe, edema pulmonar e obstrução das vias aéreas. A liberação de gases tóxicos como o monóxido de carbono e o cianeto podem levar à insuficiência respiratória.
Bancos de tecido recebem doações
Para dar conta dos pacientes que sofreram queimaduras, uma força-tarefa está sendo montada pelos hospitais para atender pacientes que precisarão de transplante de pele. A estratégia é aumentar a quantidade de tecido disponível antes do início das cirurgias, assim que os pacientes tiverem com o quadro estável – o que pode começar a ocorrer a partir de amanhã.
As ajudas para o banco vêm de fora. Pernambuco e Argentina já enviaram. O material de São Paulo e Uruguai deve chegar nesta semana. Na Capital, os hospitais que mais recebem tecidos são o HPS e o Cristo Redentor, referências para queimados, diz Rosana Nothen, coordenadora da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul.
– A quantidade disponível até ontem (segunda) era de mil centímetros quadrados de pele (o suficiente para um adulto). Com as doações, que chegam a 21 mil centímetros, poderemos enfrentar os primeiros curativos dessa semana – explica Rosana.
*Colaboraram Eduardo Covalesky Dias, Matheus Beck e Vanessa Franzosi
LARA ELY*
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